- Nós, imoralistas! - Esse mundo que nos concerne a nós, no qual nós temos que temer e amar, esse mundo quase invisível e inaudível, de comandos e obediências sutis, um mundo de “quase” em todo sentido, espinhoso, insidioso, cortante, delicado: sim, ele está bem protegido de espectadores grosseiros e curiosidade confiante! Estamos envoltos numa severa malha de deveres, e dela não podemos sair - nisso precisamente somos, também nós, “homens do dever”! Ocasionalmente, é verdade, dançamos com nossas “cadeias” e entre nossas “espadas”; com mais frequência, não é menos verdade, gememos debaixo delas e somos impacientes com toda a secreta dureza do nosso destino. Mas não importa o que façamos, os imbecis e as aparências falam contra nós, dizendo: “Estes são homens sem dever” - sempre temos os imbecis e as aparências contra nós!
Nietzsche - Além do Bem e do Mal.